Texturas: Água e Madeira de Lisbeth Oliveira
Em 2004, expusemos "Texturas: Presentes de luz da Natureza", resultado de um trabalho de pesquisa e registro de situações da natureza brasileira, parques nacionais, reservas ambientais, praias e ambientes urbanos, buscamos traduzir estados de espírito, momentos de sintonia e harmonia entre diferentes organismos do meio ambiente.
"Água e madeira: ainda as texturas..." foi exposta pela primeira vez em 2008 sob a curadoria de Julia Pascali. Revisito a exposição agora, trazendo novos dados, relendo outros. Essas fotografias nos chamam a atenção claramente para o fato de que a vida, em todos os níveis, está interligada por redes complexas de sustentabilidade da chamada "teia da vida", tema que vem sendo abordado com tamanha beleza e lucidez por Fritjof Capra, um dos maiores pensadores da atualidade.
Ao sensibilizar uma superfície, a fotografia possibilita um recorte do mundo a nossa volta, trazendo detalhes e riquezas de sensações, que muitas vezes nosso olhar supérfluo e repleto de interferências não consegue perceber. Ao me utilizar de tal suporte visual, a textura, procuro reencontrar, ainda que vagamente, o elo perdido entre nós e o meio, numa atitude de respeito e admiração.
As texturas sejam elas orgânicas, geométricas, intensas, sutis, escancaradas ou mimetizadas são passíveis das mais diferentes associações. A característica das texturas é a uniformidade: o olho humano percebe-as sempre como superfície de duas dimensões ou com um pouco de relevo. Elas nos possibilitam estudar os mais variados fenômenos visuais. Elas nos trazem momentos ímpares do dia-a-dia conturbado em que muitas vezes nos vemos mergulhados.
Alcançar a transcendência, a expansão da consciência, capaz de nos fazer ver além do simples enxergar, uma percepção é sem dúvida uma predisposição de poucos, também uma necessidade de que pouquíssimos de nós parece ter, mas ela é necessária e urgente se queremos construir um mundo melhor e sustentável em todos os sentidos.
Que estas fotografias conduzam o leitor/observador, assim como a mim vêm conduzindo, a uma atitude de respeito e humildade frente a manifestações sutis e intensas da Natureza. Que elas nos auxiliem na compreensão de nossa responsabilidade no planeta Terra, norteando nossos olhares e ações, nossa reflexão e nosso caminho.
"Também mesmo nas ciências não se sabe nada; é preciso fazer. Só sabemos com exatidão quando sabemos pouco; à medida que vamos adquirindo conhecimentos, instala-se a dúvida" Johann Wolfgang von Goethe (1749- 1832).